A presidente Dilma Rousseff oficializou nesta quinta-feira os nomes que vão compor sua nova equipe econômica: Joaquim Levy comandará o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa chefiará a pasta do Planejamento e Alexandre Tombini seguirá à frente do Banco Central.

Levy e Barbosa, contudo, não assumirão os cargos imediatamente: a dupla ficará instalada em uma sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros da presidente, numa espécie de "equipe transição" com o ministro demissionário da Fazenda, Guido Mantega. Nesse período, a ideia é que seja feita uma radiografia das contas públicas. Uma das principais críticas à atual equipe econômica é a falta de transparência nos números e a consequente perda de credibilidade. Por isso, a avaliação dos dados na transição chegou a ser chamada nos bastidores do Planalto de "due dilligence", termo usado para auditorias em negociações empresariais.

A localização da "sala de transição" no terceiro andar do Palácio do Planalto, o mesmo de Dilma, e não no quarto, onde fica o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, também tem simbolismo: Levy e Barbosa terão canal direto com a presidente, sem precisar da intermediação do "primeiro-ministro", como Mercadante foi apelidado – e aprovou – por assessores.

Desde a noite de segunda-feira, o futuro ministro da Fazenda trabalha em Brasília e participa de reuniões com a própria Dilma ou com técnicos do governo. Levy também tem conversado com economistas de dentro e de fora do governo.

Desde a semana passada, quando o nome de Levy passou a ser noticiado como futuro titular da Fazenda, o mercado tem reagido positivamente. "[As nomeações de Levy e Barbosa] Abrem uma boa perspectiva para o país", disse o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Ex-integrante da equipe do Plano Real, o economista Edmar Bacha disse ser fundamental uma nova postura de Dilma. "Não é tanto a qualidade dos nomes, mas saber se o fato especificamente de ela nomear Joaquim Levy para a Fazenda indica que ela mudou, que ela está disposta a fazer uma política econômica mais parecida com Lula 1 do que com Dilma 1", afirmou. "Ela sabe com quem está tratando. Se ele (Levy) não tiver espaço para fazer, vai embora para casa, e isso vai ser muito ruim."

Perfis – Levy comandou a Secretaria do Tesouro Nacional na gestão do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula. Na época, o governo buscava conquistar a confiança dos agentes econômicos. Para contribuir com este objetivo, Levy ajudou a promover, entre 2003 e 2006, um dos maiores ajustes fiscais já realizado no país. Rejeitado por grande parte dos petistas, ele teve como principal marca a austeridade e é reconhecido por seu perfil ortodoxo. Pessoas próximas o definem como determinado, obsessivo por trabalho e tão teimoso quanto a presidente, apesar de ser genil e bem-humorado no trato pessoal.

A primeira passagem de Levy no governo, no entanto, foi em 2000, quando foi secretário-adjunto de política Econôminca do Ministério da Fazenda. No ano seguinte, assumiu o cargo de economista-chefe do Ministério do Planejamento. Atualmente,com 53 anos, Levy é o diretor-superintendente do Bradesco Asset Management, braço de gestão de recursos do Bradesco. Com a mudança de cargo, o executivo vai abrir mão de um salário de entre 1 a 3 milhões de reais anuais para os cerca de 320,67 mil anuais (ou 26,72 mil reais mensais), recebidos por ministros de Estado.

Já Barbosa foi secretário-executivo do ministro da Fazenda, Guido Mantega, entre 2011 e 2013, período em que sempre teve proximidade com a presidente Dilma Rousseff (PT). Seguidor da escola desenvolvimentista, que se apoia no uso do estado como indutor do crescimento, tem a simpatia de petistas, mas também bom trânsito entre agentes do mercado.

Fonte: Veja